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O que a avaliação neuropsicológica investiga?

Como trata-se de uma área jovem na psicologia, alguns pacientes e profissionais tem uma série de dúvidas sobre o objeto de investigação da neuropsicologia. Conheça aqui as condições clínicas nas quais uma avaliação neuropsicológica costuma ser solicitada e quais as funções que o neuropsicólogo investiga.

 

Quais as principais condições investigadas pela avaliação neuropsicológica?

A avaliação neuropsicológica estuda o funcionamento cognitivo e comportamental do sujeito e a sua relação com traumas cerebrais, tumores, AVCs/AVEs (derrames), doenças, problemas no desenvolvimento, de aprendizagem, ou outras condições neurológicas. Algumas das principais condições clínicas que levam um profissional a encaminhar um paciente a uma avaliação neuropsicológica são:

 

- Acidente vascular encefálico/cerebral (derrame);

- Demências (Alzheimer, vascular, Corpos de Lewy, frontotemporal, mista);

- Mal de Parkinson;

- Doença de Hutington;

- Síndrome de Korsakoff;

- Escleroses múltiplas e outras doenças desmielinizantes do Sistema Nervoso Central;

- Afasias (Broca, Wernicke, transcortical, mista);

- Alterações cognitivas do alcoolismo e da drogadicção;

- Alterações cognitivas decorrentes de doenças virais, como AIDS;

- Alterações cognitivas decorrentes das doenças do sono;

- Alterações cognitivas decorrentes de enxaqueca (migrânea);

- Alterações cognitivas decorrentes de transtornos emocionais;

- Alterações cognitivas decorrentes de tumores cerebrais;

- Alterações cognitivas decorrentes de concussões esportivas;

- Epilepsias;

- Transtornos de aprendizagem (dislexia, discalculia; disgrafia, misto);

- Transtorno do Déficit de Atenção por Hiperatividade (TDAH);

- Transtorno Opositor Desafiante (TOD);

- Altas habilidades / Superdotação (AH-SD);

- Déficit Intelectual;

- Transtorno do espectro autista (TEA);

- Outros transtornos do neurodesenvolvimento.

 

Quais são as funções avaliadas?

Para Hasse et al. (2012, p. 3), “entre as funções neuropsicológicas estão atenção, percepção, orientação, orientação autopsíquica, temporal e espacial, linguagem oral e escrita, memória, aprendizagem, funções motoras, praxias, raciocínio, cálculos e funções executivas”. Entretanto, embora muito similar, opto por realizar outra divisão das funções. Abaixo explicarei brevemente cada uma delas.

 

- Orientação: é a função que trata da capacidade do indivíduo se situar perante a si próprio, através da consciência de si (autopsíquica) ou ao mundo, de modo espaço-temporal (alopsíquica).

 

- Atenção: função que permite a manutenção do foco em um ou alguns estímulos. Pode ser concentrada, sustentada, dividida ou alternada.

 

- Memória: função que permite adquirir, armazenar e acessar informações e sensações experenciadas. Pode ser sensorial, de curto prazo ou de longo prazo.

 

- Linguagem: é o conjunto de atividades neurais que contribuem para a produção, fluência, interpretação e compreensão da linguagem, seja por via oral ou escrita.

 

- Percepção: é o processo de reconhecimento e interpretação de estímulos sensoriais.

 

- Funções executivas: são as habilidades que envolvem planejamento, organização, tomada de decisão e priorização de atividades para alcançar objetivos.

 

- Inteligência: é a função que define a capacidade de adquirir e aplicar o conhecimento. Entretanto, vale ressaltar que esta função é compreendida de maneira diferente em cada cultura.

 

- Raciocínio: é a habilidade de encontrar soluções a partir de premissas ou argumentos previamente apresentados, levando a novas ideias. É comumente dividido em raciocínio indutivo e dedutivo, a depender da relação entre premissa dada e conclusão proposta. Pode ser investigada na neuropsicologia de forma verbal e não-verbal.

 

- Habilidades aritméticas: função que define a capacidade de lidar com conceitos numéricos, em situações que envolvem cálculos, compreensão, contagens, e resolução de problemas matemáticos.

 

- Praxias: envolvem a capacidade de reação e de coordenação motora.

 

- Personalidade: função que envolve os traços e características particulares de um sujeito que influenciam seu comportamento, atitudes, motivações, autopercepções, valores, perspectivas, cognições e sua visão de mundo.

 

Um bom laudo neuropsicológico deve apresentar um mapeamento de todas estas funções e fazer uma correlação com o sujeito avaliado. Vale lembrar que uma avaliação apenas da inteligência ou da memória, não é uma avaliação neuropsicológica.

 

Para que este procedimento seja bem feito, recomendo sempre que procure um especialista em neuropsicologia que seja reconhecido pelo Conselho Federal de Psicologia na sua localidade. Caso esteja ou venha a São Luís, pode contar comigo!

 

E então, deu para entender um pouquinho? Acompanhe meu blog e descubra outros conteúdos sobre psicologia, neuropsicologia e comportamento humano.

 

 

   

Por: Thiago Linhares
Psicólogo CRP 22/1834

Especialista em Neuropsicologia

 

 

Referências

 

Haase, V. G., Sales, J. F., Miranda, M. C., Malloy-Diniz, L., Abreu, N., Argollo, N., Mansur, L. L., Parente, M. A. P., Fonseca, R. P., Mattos, P., Landeira-Fernandez, J., Caixeta, L. F., Nitrini, R., Caramelli, P., Teixeira, A. L. Jr., Grassi-Oliveira, R., Kristensen, C. H., Brandão, L.., Silva, H. C. F., SILVA, A. G., BUENO, O. F. A. (2012). Neuropsicologia como ciência interdisciplinar: consenso da comunidade brasileira de pesquisadores/clínicos em neuropsicologia. Revista Neuropsicologia Latinoamericana, 4 (4), 1-8.

 

 

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